Apagão da televisão analógica para a “iluminação” da digital
por Marisa Ribeiro
Em 2012, as televisões preparam-se para ter uma nova vida, sejam elas mais recentes ou mais antigas. A televisão digital terrestre (TDT), por norma internacional, vai substituir o “velhinho sinal analógico”. Caso não se procedam às devidas adaptações, a TDT vai ditar o desaparecimento de muitos equipamentos.
Em Portugal, a caixinha mágica tem pouco mais de meio século, nasceu em 1957, sendo que desde aí já sofreu impreteríveis avanços. Das imagens a preto e branco, passou-se em 1980 às cenas a cores, e, agora, o futuro obriga a mais uma mudança no que às emissões gratuitas diz respeito.
A viragem total, apagão do analógico terrestre, acontece até abril de 2012 num processo que se iniciou a 12 de maio de 2011, em Alenquer. Assim, o sinal analógico já está desligado em três zonas piloto Alenquer, Cacém e Nazaré/Alcobaça. Passada a fase experimental, a 12 de janeiro de 2012 a TDT cobrirá a faixa litoral, excluindo-se a zona de Viana do Castelo.
A segunda fase chega a 22 de março de 2012, começando a funcionar a TDT nos Açores e da Madeira. Por fim, a 26 de abril de 2012, o sinal digital chega ao restante território nacional, evidenciando-se a zona de Viana do Castelo.
Todavia este não é um processo em que o espetador tenha um papel passivo sentado comodamente em frente à televisão, pelo contrário, tem de estar informado e procurar a melhor solução para os seus equipamentos. Desde que apareceu, a televisão é, para muitos, indispensável e uma companhia diária.
À TDT são associadas algumas particularidades e necessidades. A licença de utilização de frequência atribuída à Portugal Telecom (PT) evidencia que a antena terrestre não cobrirá toda a população, ficando enquadradas na norma excecional 13% da população. Esta minoria não soluciona o problema dos equipamentos mais antigos, ou com a falta de características próprias para a captação da TDT, com um simples descodificador. A este grupo, o acesso vai ser permitido via satélite o que exige a compra de um Kit DTH, vendido pela PT, mas estes são casos excecionais. De qualquer forma, se está em dúvida quanto às mudanças que vai ter de operar, pode recorrer à linha de apoio gratuita 800 200 838 ou aceder a tdt.telecom.pt, onde pode consultar a lista de emissores e sua localização, bem como inserir o seu endereço para verificar o(s) emissor(es) mais adequado(s) para cada situação.
Em geral, os novos televisores já trazem a tecnologia necessária rumo à TDT, mesmo assim convém verificar se o seu equipamento está preparado para este grande passo. Então, no comum dos casos, para receber televisão digital em Portugal, o equipamento deve ter as seguintes especificações técnicas: o aparelho de televisão deve ter capacidade de receção de DVB-T e descodificação em vídeo MPEG-4/H.264, características que podem ser averiguadas no manual técnico ou na parte traseira do equipamento. Se não tem estas especificidades deve adquirir um descodificador (set-top-box) compatível com a tecnologia de DVB-T e norma MPEG-4/H.264 e um cabo SCART ou HDMI, consoante a entrada do televisor, havendo a possibilidade de em alguns casos o cabo ser vendido separadamente.
De qualquer forma, se for cliente de um serviço por subscrição (cabo, rede fixa ou satélite) este cenário não se aplica, sendo desnecessário qualquer equipamento suplementar. Preste atenção, se achar que esta é uma forma para não ter de adquirir o descodificador. Não esqueça que este tipo de serviço por subscrição implica um pagamento mensal e um período de fidelização, que não permite a cessação do contrato. Sinteticamente, não é obrigatório pagar um serviço de televisão por subscrição para continuar a ver a RTP1, RTP2, SIC e TVI, com a TDT os quatros canais nacionais não carecem, a posteriori, do pagamento de uma mensalidade.
As adaptações a esta nova realidade interferem diretamente com os possuidores de televisores antigos, os que só recebem os quatro canais gratuitos e os que têm tv paga em apenas alguns televisores. Na escolha do descoficador, sugere-se que dê preferência aos que são compatíveis com a alta definição“HD” pois, se no futuro as emissões passarem exclusivamente para alta definição, terá que substituir os descodificadores caso estes não sejam “HD”, havendo a possibilidade de custos acrescidos. Verifique ainda se a antena está apta para receber a TDT e direcionada para o emissor mais adequado. As antenas que recebam sinal na banda V do UHF (banda de frequências 606 a 862MHz) estão preparados para receber TDT visto que o canal de operação do serviço é o 67 que corresponde à frequência central 842 MHz.
Como nem todos têm capacidade financeira para operar esta mudança, há um subsídio após a compra de um descodificador (ou kit satélite) para pessoas com grau de deficiência igual ou superior a 60%; beneficiários do Rendimento Social de Inserção; reformado ou pensionista com rendimento inferior a 500€ mensais; e instituições de comprovada valia social. A subsidiação será de 50% do valor do equipamento, mas nunca superior a 22€, e só será atribuída uma única vez por casa e desde que não tenha televisão paga.
Na prática, com esta nova tecnologia, os telespetadores vão poder ver mais informação sobre o programa que está a ser transmitido, qual a sua duração e o programa seguinte, para além de estar previsto também um portal de programação, acessível através da TV, além de melhorar a qualidade de som e imagem.
Escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico