Desempregados de Cardielos validam competências
por Marisa Ribeiro
Nunca é tarde demais para aprender ainda para mais tendo em consideração que o saber não ocupa lugar. Por isso, desde Fevereiro, uma turma de 15 elementos tem-se empenhado na prossecução das habilitações literárias. As aulas terminaram agora, em Maio, porém a iniciativa do Centro de Formação Profissional de Viana do Castelo e da Junta de Freguesia parece ter trazido bons frutos que podem ser usados como arma para a melhoria da empregabilidade.
Semana após semana, a turma criada mostrou-se entrosada, colaborante e divertida o que permitiu maior facilidade para quem ensinou e para quem aprendeu.
O acordo de colaboração celebrado entre a Junta de Cardielos e o instituto de emprego e formação profissional surgiu “no sentido do desenvolvimento de uma estratégia de proximidade à população activa desempregada de Cardielos, inscrita no Centro de Emprego de Viana do Castelo, de forma a proporcionar o aumento das suas qualificações escolares e profissionais e consequentemente a melhoria da Empregabilidade, na sua área de residência”, como explicou Dra. Rosa Novo Vieira, do Centro de Formação Profissional de Viana do Castelo.
Desta forma, o Sistema Nacional de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (Sistema RVCC), “dá a possibilidade de reconhecer, validar e certificar os conhecimentos e as competências resultantes da experiência que adquiriu em diferentes contextos ao longo da sua vida”. Este sistema abrange os adultos com mais de 18 anos que não possuem o nível básico ou secundário de escolaridade, permitindo “não só a valorização pessoal, social e profissional, mas também o prosseguimento de estudos/formação”, avançou Rosa Vieira.
À medida que os níveis de qualificação são optimizados, consegue-se dar resposta às necessidades de conhecimento, competitividade e desenvolvimento, nomeadamente da região de Viana do Castelo.
A Junta de Freguesia de Cardielos acolheu de braços abertos o projecto e cedendo as instalações, e demais apoio necessário, para que os alunos pudessem chegar ao final com nota positiva e com uma bagagem bem mais consistente e avolumada que à entrada. Os alunos presentes a júri para validar competências tiveram todos equivalências, uns para o 6º ano e outros para o 9º.
Portanto, se por ventura algum aluno entrou com a sensação de mãos a abanar saiucom certeza a ganhar. É certo que nem sempre foi fácil até porque a idade não permite a paciência e as facilidades de outrora, como ressalvaram os alunos. Contudo, ultrapassada a fase de adaptação, não quiseram baixar os braços e beberam a fonte do conhecimento nas várias disciplinas, buscando os ensinamentos práticos da própria vida, nomeadamente em linguagem e comunicação, na matemática para a vida, na cidadania e empregabilidade, e nas tecnologias de informação e comunicação.
De facto, “o grupo, composto por pessoas desempregadas e com níveis de escolaridade inferiores ao 6º ano, revelou durante o processo capacidades de iniciativa, empenho e empreendimento. Embora os adultos em questão tenham abandonado a escola há mais de vinte anos, nas sessões, não baixaram os braços e desenvolveram actividades bem estruturadas nas quatro áreas de Competência”, segundo o balanço da Dra. Rosa Vieira.