Espaço solidário: troca e partilha
por Marisa Ribeiro
A ideia surgiu no âmbito da Comissão Social Interfreguesias (CSIF) de Cardielos, Nogueira, Santa Marta de Portuzelo e Serreleis, mas na prática é em Cardielos que a sala solidária já está em funcionamento, com a ajuda das entidades paroquiais, desde 31 de janeiro.
O espaço solidário, a funcionar na antiga escola das raparigas, convida as pessoas a darem e a receberem vestuário, às terças-feiras entre as 17h e as 20h. Em tempo de crise há que estabelecer prioridades e evitar desperdícios. Com a crescente complexidade para a gestão do orçamento familiar, este espaço dá um empurrão para a poupança e entreajuda.
Cada pessoa pode visitá-lo e doar as roupas em bom estado que já não lhe sejam úteis ou deixaram de servir. Da mesma forma, pretende-se que não seja só visitar ou deixar vestuário, mas antes que as pessoas possam experimentar e trazer de lá peças úteis para usar no dia a dia. A sala tem roupa para todas as idades, calçado, brinquedos e acessórios.
Face à demora e dificuldades na organização, Cardielos não quis perder mais tempo e avançou já com a abertura da sala que conta também com a associação da Paróquia da Montaria, dado o relevo e importância da partilha nas condições e dificuldades que hoje se enfrentam.
A Presidente da Junta mostra-se atenta à realidade e, “apesar dos tempos difíceis que vivemos, importa contrariar”. Por isso, “não se podem baixar os braços nos momentos de maior dificuldade e a solução passa por unir esforços e vontades”, explicou a autarca. Deste modo, esta ação concertada inter-freguesias e com a paróquia, “constitui um primeiro passo para dar resposta às diversas solicitações que têm surgido”.
Pretende-se assim contrariar a velha ideia de que só se encetam este tipo de iniciativas para a classe mais desfavorecida. Pura falsidade porque se trata de evitar o desperdício e permitir que se possa gastar o dinheiro noutros bens mais essenciais como a alimentação, a educação, a saúde, o desporto, entre outros.
Portanto, este é um espaço de todos e para todos os que estejam sensibilizados para a partilha e saibam discernir o que realmente é importante na vida: se o partilhar ou o esbanjar.
Neste arranque, verifica-se uma adesão progressiva, aguardando-se que as pessoas deixem de lado o ceticismo inicial e o preconceito, tornando esta iniciativa bem sucedida.
Além desta ação, a Junta de Freguesia mostra-se recetiva a solidificar “parcerias com outras entidades como vicentinos, caritas, gabinete de apoio à família, e associação empresarial, de forma a alargar o plano de ação na resposta às diversas carências que afetam as famílias”, concluiu Alexandrina Castilho.
*Escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico