FREGUESIA DE CARDIELOS

INFORMAÇÃO SUMÁRIA

 

Orago: S. Tiago

População: 1.311 habitantes(I.N.E. 2011) e 1.243 eleitores.

Actividades económicas: Agricultura, pecuária, turismo rural, exploração e transformação de granitos

Festas e romarias: Senhora do Amparo (3º domingo de Maio), S. Tiago (24 e 25 de Julho) e S. Silvestre (30 e 31 de Dezembro)

Património cultural e edificado: Igreja paroquial e capelas de S. Silvestre e do Senhor dos Passos

Outros locais de interesse turístico: Barco do Porto, praia fluvial, monte e crasto de S. Silvestre

Gastronomia: Cozido à portuguesa, sarrabulho e arroz doce

Artesanato: Tecelagem, bordados e vestuário “à Vianesa “

Colectividades: Associação Cultural e Recreativa de Cardielos, Grupo Folclórico das Bordadeiras de Cardielos, Banda de Gaitas de S. Tiago de Cardielos, Cyclones.

RESENHA HISTÓRICA

Cardielos, terra ribeirinha entre rio e monte, assume consciência do seu valor e potencialidades. Aos pergaminhos do passado: génese cristã, terra honrada, torre senhorial, e à riqueza de ambiente expressa no monte de verde e frescura de águas fluviais corresponde, cá e lá por fora (barco simbólico vogante), o carácter dinâmico da sua gente nas mais diversas actividades. Aí se radicam os êxitos do passado e do presente e a confiança no futuro. De facto, a cultura de valores do espírito, as actividades do dia-a-dia: no estudo, no campo, no comércio, na indústria, nas artes e ofícios, até mesmo no recurso à imigração, não têm sido vãos. Razões de optimismo vemo-las nas mais variadas formas de progresso local.

Ribeira Lima, cenário de fascínio, no todo e nas suas componentes! Apraz-nos contemplá-la: planície, montes, linhas de água, seres vivos e tudo o mais perceptível, inclusive de intervenção humana.

Todavia, do universo desta bacia limiana vamos concentrar a nossa especial atenção sobre uma área de aproximadamente 4 Km2, na margem direita do Rio Lima, entre este diáfano rio, a sul, e o alto do monte de S. Silvestre, a norte, e desde São Cláudio e São Salvador da Torre, a nascente, até Serreleis, do lado oposto. Fixemo-nos nela e na comunidade que desde um passado remoto a tem ocupado, povoado, organizado, vitalizado e renovado. Formosa e colorida, ei-la a 7,5 Km. Da sede do concelho: a freguesia de São Tiago de Cardielos.

Para uma visão atenta, subamos a eminência do monte de São Silvestre. Aí nos acolhe um ambiente de vegetação verdejante, em que sobressaem árvores pluri-centenárias, ampla esplanada, capela do Santo titular, casas da confraria, escadarias, calçada de acesso, etc. Mais acima, um castro da Idade do Ferro que, mesmo sem estar escavado, se reputa importante, com ruínas de habitações, restos de mralhas, acrópole, facho, cerâmicas, etc., a par de penedio erosionado no decorrer dos séculos. Valiosa área patrimonial aberta a quantos a demandam em busca de religiosidade, convívio, ócio e mesmo por atractivos culturais.

Todo este contexto paisagístico, mesmo omitindo a obra da mão humana: rede viária, áreas urbanas, agricultura, espaços floridos, etc., nos proporciona ambiente agradável.

Cardielos, no entanto, não adormece à sombra do seu património real. Os seus valores humanos morais e bairristas têm-na afirmado, cada vez mais, terra de eleição e progresso.

Tendo o nome da freguesia de Cardielos origem na existência antiga, em profusão, do “cardo”, parece a propósito, antes de se falar da presença humana, um simples apontamento sobre a flora e fauna desta zona.

A variedade vegetal está bem patente, tanto em terreno de cultivo como em terreno inculto, na planície ou nos altos, inclusive no intervalo acumulado de húmus dos penhascos do monte, onde persiste vegetação bravia antiga.

Cardielos, terra honrada e couto

É das próprias inquirições de Dom Afonso III que nos vem a notícia de ser Cardielos “terra honrada” desde tempos antigos. O Rei mandava inquirir acerca dos bens e direitos pertencentes à Coroa.

Dos direitos reais sobre a terra de Cardielos existem sentenças a confirmá-los. Decorria o reinado de Dom Afonso IV e era titular do senhorio de Cardielos, em 1336, Rui Vasques de Azevedo, filho de Vasco Pais Azevedo, senhor da casa e couto de Azevedo e rico-homen de Dom Afonso IV a quem acompanhara na batalha do Salado, e de D. Maria Rodrigues de Vasconcelos, filha de Rodrigo Anes de Vasconcelos, senhor do couto de Penela e das quintas de Crasto, e de D. Maria Rodrigues Penela, herdeira desse couto. Maria Rodrigues de Vasconcelos teve em dote as ditas quintas de Crasto. Rui Vasques casou com D. Joana Vasques da Cunha, filha mais velha de Vasques Martins da Cunha, senhor de Tábua e alcaide mor de Lisboa, por mercê de Dom Pedro I e de D. Senhorinha Fernandes Chancinha.

Investigando a genealogia de Rui Vasques de Azevedo, verifica-se que ele descendia, pela via paterna, da casa e quinta de Azevedo (c. de Barcelos), cujo primeiro senhor foi D. Erro Arnaldes. Contudo, o primeiro que usou o apelido foi D.Guido ou Godinho Viegas de Azevedo, quinto senhor daquela casa e couto, fundador do mosteiro de Vilar de Frades, pelos anos de 1070. Seu sogro D. Soeiro Guedes foi, por sua vez, fundador do mosteiro de São Bento da Várzea, ambos daquele concelho.

Barco do Porto: passagem e transporte fluvial

Cardielos orgulha-se de possuir um imemorável lugar de passagem do Rio Lima: o “Barco do Porto”, na parte ocidental da freguesia. A palavra “porto” significa lugar de transposição ou passagem de uma para a outra margem, como se esclarece no capitulo da toponímia.

Primeiramente, o barco destinava-se ao transporte de pessoas de uma margem do rio para a outra; mais tarde, uma barcaça possibilitou a travessia de veículos: carros de tracção animal, mesmo carregados, e até automóveis.

A realidade do barco do Porto não só deu nome ao lugar mas também lhe outorgou certa importância. Topografia favorável e proximidade do rio Lima permitiram que o povoado se estendesse com certo ordenamento: espaços agrícolas, incultos e arborizados, boas casas com seus quintais, a formação da quinta de Vales, etc. Destacam-se naquela área a praia fluvial, e as zonas do Barco e Lajoso junto ao rio, e de Vales e Lage Grande, mais para o interior.

São Silvestre: o Monte e a Devoção

Não só pelos seus atributos naturais e histórico-arqueológicos como por se ter tornado local de religiosidade, convívio e lazer, é hoje bem conhecido, pode até dizer-se notável, e muito procurado para aqueles fins.

Sacralização do Monte de São Silvestre

A existência de ermidas ou capelas em montes ou colinas outrora habitados, sobretudo no Noroeste da Península é uma realidade, facilitada pelas pedras das casas ou das muralhas em ruína, aproveitadas já desde tempos medievais. Assim no monte de São Silvestre. O sítio foi escolhido pelos devotos do Santo para implantar uma ermida na depressão do terreno, sita abaixo e poente do cabeço meridional do monte.

Porquê ali? Talvez por um ou mais destes motivos: a) ser sítio cómodo e de acesso viável desde a igreja paroquial, como se pode verificar pelo itinerário da calçada; b) haver à mão pedras de ruínas castrejas para a construção; c) caber no espaço dentro do território de Cardielos a primitiva ermida que era de pequena dimensão, só sendo mais tarde ampliada e ficar a ocupar alguma área dentro dos limites da freguesia vizinha.

São duas as casas existentes no recinto da capela de São Silvestre:

1) A casa mais antiga, no canto direito do lado norte. Não temos elementos para datar a sua edificação; mas, pelo aspecto parece ser do século XVIII ou até XVII. Serviu, até a um passado não distante, para hospedagem dos elementos das bandas de música que vinham actuar nas festas.

2) A outra casa, norte-poente, edificada no final do século XIX, resultou do aproveitamento da pedra da torre que ruíra em 1880. Com tal objectivo, em princípios de 1888, os irmãos da confraria, reunidos em assembleia-geral, deliberaram recorrer a um empréstimo ao Estado.

A Romaria e Festa de São Silvestre

Tradição antiga e imemorial atribuiu ao Santo poder protector sobre os animais, sobretudo bovinos. Os agricultores, tendo em atenção a imprescindível ajuda deste género de gado nos trabalhos do campo (hoje ultrapassada), e na economia doméstica, recomendavam-no a São Silvestre e levavam-no a dar voltas em romaria ao redor da capela e a receber a bênção, realidade que contribuiu, no passado, para grande concorrência de devotos vindos de perto e de longe.


FREGUESIA DE SERRELEIS

INFORMAÇÃO SUMÁRIA
Padroeiro: S. Pedro.
Habitantes: 1.002 habitantes (I.N.E 2011) e 942 eleitores em 05-06-2011.
Sectores laborais:Agricultura, artesanato, pequena indústria e comércio.
Tradições festivas:S. Brás e S. Pedro.
Valores Patrimoniais e aspectos turísticos:Igreja paroquial, praia fluvial do Barco do Porto e monte de S. Silvestre.
Gastronomia: Sarrabulho e arroz de frango à lavrador.
Artesanato: Bordados, trajes de Viana e trabalhos em ferro forjado.
Colectividades: Associação Cooperativa Bordados do Lima e Centro Sócio Cultural e Polidesportivo de Serreleis, Associação das Velhas Bielas de Viana.
ASPECTOS GEOGRÁFICOS

Esta  freguesia está localizada à margem direita do Rio Lima. Os seus limites estão assim definidos: a Norte e Poente  a Freguesia de Portuzelo, a Sul, o rio Lima, tendo na outra margem a Freguesia de Vila Franca, e a Nascente, a Freguesia de Cardielos. Contando cerca mil habitantes. Esta é topograficamente pouco acidentada, de suave relevo, férteis terras agrícolas e encantadoras paisagens, sobretudo na orla ribeirinha. A praia fluvial de Barco do Porto, por exemplo, constitui-se como local apetecível de fruição natural, em ambiente bucólico e de rara beleza paisagística.

RESENHA HISTÓRICA

Não admirará portanto que já pelo primeiro milénio a. C., durante o qual se desenvolveria a chamada cultura castreja do Noroeste Peninsular, se tenha fixado aqui uma pequena comunidade, curiosamente no próprio cabeço onde posteriormente haveria de assentar a Igreja Paroquial. Segundo o arqueólogo B. de Almeida, que prospectou o local, o actual templo ocupa a parte mais setentrional daquele antigo habitat; apenas defendido por um talude em terra (ao fundo do qual corria um poço, hoje transformado em caminho).

Muito destruído, não apresentará actualmente vestígios de estruturas habitacionais, tendo sido possível recolher apenas algum parco espólio entre tégula e “alguns minúsculos fragmentos cerâmicos castrejos e de época romana”. A documentação medieval comprova a existência da freguesia já pelo século XIII. As “Inquirições” de 1258, nomeadamente, referem-na sob a designação de “Sancti Petri de Sola Rex” (embora esta grafia, por ausência do “l” dobrado, suscite algumas dúvidas de autenticidade). Integrava então o vasto julgado ou “Terra” de S.Martinho.
A Igreja Paroquial é um belo e espaçoso templo de graciosa traça barroca, talvez setecentista. Apresenta uma avolumada torre sineira adossada ao flanco setentrional e em posição mui levemente recuada. Afrontaria do edifício sacro é marcada pelo imponente portal, de formato rectangular, rematando em opulento frontão; logo acima rasgam-se dois janelões laterais ovalados e um espaçoso óculo central. Um documento de “obrigação”, existente no Arquivo Distrital de Braga e arrolado por J. Cepa, alude a uma Ermida de S. Brás, no ano de 1568.
Serreleis é terra que se liga estreitamente à história do traje vianês, ali se registando ainda a produção artesanal da famosa indumentária. São bem conhecidas os lenços bordados dos namorados, cheios de ingénuas inscrições, onde por vezes com contundentes erros ortográficos se iam atestando as humildes vivências de outrora…
Do alto do Monte de S. Silvestre, onde pontifica a capelinha da mesma invocação, apreciar-se-á dilatada panorâmica sobre todo este formoso trecho do vale do Lima, no mesmo lugar onde outrora acorriam em clamores, no mês de Julho, as populações das freguesias circunvizinhas.
Ainda a respeito a história da freguesia, no Inventário  Colectivo dos Registros Paroquiais Vol. 2 Norte Arquivos Nacionais /Torre do Tombo, pode ler-se textualmente:
«Em 1258, na lista das igrejas situadas no território de Entre Lima e Minho, elaborada por ocasião das Inquirições de D. Afonso III, Serreleis é citada como uma das igrejas pertencentes ao bispado de Tui.
Em 1320, no catálogo das mesmas igrejas, mandado elaborara pelo rei D. Dinis, para pagamento de taxa, São Pedro de Serreleis rendia 60 libras.
Em 1444, D. João I conseguiu do papa que este território fosse desmembrado do bispado de Tui, passando a pertencer ao de Ceuta, onde se manteve até 1512. Neste ano, o arcebispo de Braga, D. Diogo de Sousa, deu a D. Henrique, Bispo de Ceuta, a comarca eclesiástica de Olivença, recebendo em troca a de Valença do Minho. Em 1513, o papa Leão X aprovou a permuta.
Quando entre 1514 e 1532, o arcebispo D. Diogo de Sousa mandou proceder à avaliação dos benefícios eclesiásticos incorporados na diocese de Braga, Serreleis rendia 46 réis.
Em 1546, no registo da avaliação, a que se procedeu no tempo do arcebispo D. Manuel de Sousa, dos benefícios eclesiásticos da comarca de Valença do Minho, São Pedro de Serreleis figura como sendo anexa do mosteiro de São Cláudio.
Na cópia de 1580 do Censual de D. Frei Baltazar Limpo, diz-se que Serreleis, então denominada “São Pedro de Serreleis”, era da apresentação do mosteiro de São Salvador da Torre.
Segundo o Padre António Carvalho da Costa, que atribuiu por orago a esta igreja São Martinho, Serreleis era vigairaria anexa ao colégio de São Bento de Coimbra. Era então da apresentação do convento de Tibães, tornando-se mais tarde independente com o título de reitoria.»
Fonte consultada: Inventário Colectivo dos Registros Paroquiais Vol. 2 Norte Arquivos Nacionais /Torre do Tombo.
258 832 094
jfcardieloseserreleis@sapo.pt
 

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